sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Trauma.


 Eu estava com medo de entrar, mas eu tinha que fazer isso. Será que devia mesmo? Era um quarto escuro e eu podia ouvir os gritos do meu quarto. Eu queria que aquilo acabasse. Estava chorando na minha cama e tentando fingir estar dormindo. Ela estava morrendo, eu tinha certeza. O pior era que eu era muito nova para tentar salva-la, caso eu fosse ia morrer junto e ia dar a vitória pra ele. Mas eu não podia deixa-la lá. Corri até o outro quarto, mas não tive coragem de entrar. Fiquei na porta ouvindo o grito que cada vez estava mais alto e mais baixo. Aumentava e diminuía. Ela estava quase morta... Tudo ficou em silêncio, só uma risada no final para significar vitória. Eu ainda estava viva e na porta ouvindo tudo. Ouvi passos e resolvi correr até o quarto dele, onde achei um revolver e o peguei. Os gritos dela continuaram, ela não estava morta, mas quase lá. Tinha sangue por toda a cama, foi o que vi. Fiquei bem ao lado da porta. Percebi que se eu não fizesse nada ela ia morrer. Entrei e apontei a arma para ele. Ele fazendo aquela cena ridícula, continuava com mais forças e ela gritava e pedia para eu correr. Ela chorava, mas ia morrer. Eu disse: - Solta ela ou eu te mato - com uma voz trêmula. Ele olhou pra mim, deixou minha irmã quase morta na cama e olhou pra mim totalmente do jeito que tava, pelado. Ele estava com um pouco de medo e ficou a frente a minha irmã pedindo que eu parasse. Atirei com os olhos fechados de medo. Quando abri, percebi que o tiro tinha pegado na minha irmã. Corri até ela, abracei-a e chorei bastante. Eu tinha matado minha própria irmã. Ele ligava pra polícia. Peguei a arma e apontei pra ele mandando ele desligar o telefone. Ele desligou, pois a polícia já estava vindo e em menos de 5 minutos ela chegou. Fui mandada por um hospício. Não entendi o porquê. Não era pra eu ir pra cadeia? Eu tinha apenas 9 anos e me chamavam de louca. Passei o resto da minha vida lá, mas eu não acreditava que eu era louca, queria apenas a felicidade de minha irmã e acabei matando a única coisa que eu tinha. Esse foi o maior trauma da minha vida.

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